Com o advento do Cristianismo e a violenta reação contra as velhas crenças, essas repressões dos instintos naturais tornaram-se intensificadas e gradualmente passaram a ser aceitas como parte da própria fé cristã, até que, no período vitoriano, alcançaram o ponto culminante.
A mente consciente, afirmando-se de acordo com um código de ética, era a mais elevada realização da evolução humana.
Mas isso resultou no aumento gradual do que é, em parte, a doença do mundo ocidental – a “psiconeurose”.
Existem, naturalmente, neuróticos em todas as raças, mas de longe o maior número deles se encontra nas civilizações ocidentais. Os poderosos instintos, ao serem obrigados a se voltar para si mesmos, tornaram-se deformados e pervertidos, e a energia que deveriam trazer para as elaborações da mente consciente, caso fossem adequadamente dirigidos ou “sublimados”, se perde no atrito interno, dando a sensação de frustração tão comum no Ocidente.
Essa repressão do poder dinâmico do indivíduo resultou no estabelecimento de forte linha de clivagem entre os níveis subconsciente e consciente da mente.
Mas é óbvio que será somente trazendo à mente consciente o poder dinâmico depositado abaixo do limiar que as atividades do homem poderão alcançar seu verdadeira nível. É justamente tal libertação do subconsciente que se constitui o objetivo da moderna psicoterapia, e é isso também que se almeja na magia moderna.
Isso não significa que os instintos primitivos possam ser libertados em sua forma mais grosseira, mas ao contrário, sua energia deveria ser canalizada e redirigida para outros canais. Deveria haver, contudo, similaridade natural entre a energia que está sendo redirecionada ou “sublimada” e o novo canal de expressão que lhe é oferecido.
Um exemplo disso é a recomendação freqüente dada a adolescentes perturbados por seus excessivos impulsos sexuais: “Façam esportes, ginástica, etc., e trabalhem”.
Algumas vezes o remédio dava certo - com mais freqüência fracassava, aparentemente aumentando o impulso que deveria diminuir. Isso acontecia porque o canal para a primeira tendência biológica havia sido usado para a força pertencente ao segundo impulso.
O esporte é uma maneira esplêndida de sublimação do instinto de auto-preservação, e as associações grupais que propicia também formam um bom canal para o instinto gregário, mas eles são inadequados para o instinto sexual, que é essencialmente individualista e criativo.
Hoje em dia, o conselho geral a esses sofredores é que se engajem em trabalhos criativos e busquem as artes para que possam criar, manufaturar, produzir nem que seja um banco rústico para seu jardim. Tais tarefas oferecem excelente fonte de sublimação.
Não se pode pensar que a totalidade da energia de tais instintos possa ou deva ser sublimada, mas essas energias básicas deveriam ser aproveitadas para o desenvolvimento contínuo do espírito do homem.
É aqui que o quarto instinto apontado por Jung surge, pois é a contraparte que vai atrair o desenvolvimento do homem na direção das grandes altitudes, e podemos, com vantagem, comparar esse quarto impulso com o que os ocultistas chamam de eu superconsciente ou eu superior, e o mago chama de anjo guardião.
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